As mulheres são metade da população e representam metade da força de trabalho no Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua). Enquanto 19,4% das mulheres com 25 anos ou mais de idade no país completaram o ensino superior, 15,1% dos homens enquadram-se nessa realidade. Mesmo finalizando o ensino superior antes e tendo mais anos de estudo, a liderança feminina ainda é muito menos comum que a masculina.
Liderança feminina em números
A segunda edição da pesquisa “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, realizada pelo IBGE e publicada no início de 2021 com dados de 2019, aponta que a porção de mulheres em cargos de liderança no país caiu. Em 2016 a liderança feminina representava 39,1% dos cargos gerenciais, frente aos 37,4% apontados no último levantamento. Além disso, as mulheres ainda recebem menos para exercer a mesma função – cerca de 77,7% do rendimento dos homens.
Essa queda pode estar relacionada ao retrocesso social que o país tem enfrentado nos últimos anos, com o conservadorismo tendo ganhado mais espaço e também está conectada a uma questão mais ampla que é a diversidade no ambiente de trabalho.
De acordo com a pesquisa Panorama Mulher, realizada pelo Insper em parceria com a Talenses em 2019, “no Brasil, as mulheres ocupam, em média, 19% dos cargos de liderança na empresa”. O maior entrave, segundo o levantamento, estaria no cargo de presidência, para o qual a liderança feminina seria 50% menos provável como diretora e 60% como vice-presidente.
Em relação à diversidade, não falamos somente de mulheres, mas também de outras minorias, como pessoas LGBTQIA+, negros, pardos e pessoas com deficiência. O interessante é que a contratação dessas pessoas fora do padrão homem branco cis e hétero oferece benefícios para a empresa que vão além de uma cultura empresarial mais amigável. O rendimento da empresa também aumenta, pois a diversidade auxilia na resolução de problemas.
Porém, ainda de acordo com a pesquisa Panorama Mulher, das 415 empresas que afirmaram ter presidência, 95% é de homens ou mulheres brancas, com pouca abertura para pessoas negras ou pardas.
Como a diversidade contribui para as empresas
Segundo a pesquisa da McKinsey de 2018, empresas com a equipe executiva mais étnica ou culturalmente diversa têm 33% mais probabilidade de superar a concorrência em lucratividade. Isso porque:
- Aumenta a conexão do time com clientes e consumidores finais de diferentes culturas
- Aprimora a empatia e o processo de tomada de decisão, pois o efeito manada é evitado, resultando na melhora do processo de definição dos problemas
- Estabelece-se mais criatividade ao combinar maior número diverso de perspectivas e ideias
- Resolver problemas complexos torna-se mais fácil, pois o time já trabalha com experiências e conhecimentos de produtos de diferentes mercados e estratégias
- As práticas do negócio são aprimoradas através da vasta experiência e conhecimento de práticas de negócio estrangeiras
De acordo com o programa Women Will do Google, que incentiva o potencial econômico das mulheres por meio de habilidades digitais e desenvolvimento da comunidade, o PIB brasileiro poderia ser 30% maior se as mulheres participassem do mercado de trabalho na mesma proporção que os homens. Ainda, segundo pesquisa da McKinsey de 2015, a igualdade de gênero tem o potencial de adicionar 12 trilhões de dólares ao PIB global até 2025.
Outros números que chamam a atenção:
- Somente 2% dos funcionários das maiores empresas brasileiras são pessoas com deficiência
- As mulheres representam 58,9% dos estagiários e apenas 13,6% das vagas executivas
- 94,2% dos cargos executivos pertencem a brancos, enquanto apenas 4,7% dos negros ocupam cargos nesse nível
- Empresas que investem em ações inclusivas reduzem 50% de conflitos internos
- O aumento da performance dos colaboradores nas empresas que valorizam a diversidade é equivalente à 35%
A diversidade também traz os seguintes benefícios:
- Menor índice de rotatividade na empresa
- Mais criatividade das equipes
- Fortalecimento da marca empregadora
Nas instituições preocupadas com a diversidade, os colaboradores se sentem pertencentes a elas e têm prazer em “vestir a camisa” da corporação. Nessas empresas, 76% dos colaboradores admitem ter espaço para expor novas ideias e inovar no trabalho.
Características da liderança feminina
- Orientação às pessoas As mulheres são mais sociáveis, com maior empatia direcionada aos colaboradores e aos clientes, o que torna mais fácil identificar problemas e soluções.
- Maior facilidade para cooperar O trabalho em equipe acaba fluindo mais naturalmente, já que elas são ativas na inclusão e contenção das pessoas. Também, preocupam-se porque os processos sejam organizados e sadios.
- Capacidade de agir em muitas direções Maior facilidade de pensar e agir em muitas direções ou temas ao mesmo tempo, o que é uma vantagem no momento de tomar decisões e enfrentar crises.
- Liderança horizontal A liderança feminina é inclusiva, encoraja a participação e compartilha o poder e a informação com aqueles que lidera. Tende a criar e a fortalecer as identidades de grupo.
- Maior predisposição à mudança O estilo é inovador, com um firme sentido da qualidade, centrado na pessoa, flexível, comunicativa e persuasiva
Fonte: Conect Américas
De maneira ampla, a diversidade e a liderança feminina são fundamentais para melhorar a distribuição de renda e levar empresas mais longe.
Para que isso ocorra, é preciso que as empresas estejam atentas ao seu quadro de funcionários, buscando oferecer oportunidades para pessoas provenientes de realidades distintas.
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