Quem nunca passou por alguma situação delicada no trabalho? Frequentemente o ambiente corporativo é percebido como competitivo, inflexível, orientado por metas pouco claras e/ou irreais, o que acaba por gerar muitas cobranças e pouco acolhimento para anseios e inseguranças.
No início da pandemia ficou evidente que as empresas que foram ágeis buscaram conhecer melhor a vida de seus colaboradores. Assim, criaram canais para que eles pudessem ficar à vontade para expor seus medos e problemas, além de oferecerem suporte para gerar segurança em relação ao bem-estar da família dos colaboradores e estrutura para a execução do trabalho remoto.
Desse modo, conseguiram manter e aumentar a produtividade. São essas empresas que hoje sofrem menos com o alto turnover derivado do reaquecimento do mercado.
O fato é que com a intensificação do trabalho remoto e a adaptação para o regime híbrido, a baixa confiança entre pares – subordinados e lideranças – se intensificaram e, os ruídos de comunicação que já existiam, mas muitas vezes não eram tratados, causaram muito estresse, retrabalhos e afastamentos.
Isso se deve ao fato de que, no presencial, é mais fácil buscar ajuda, procurar entender a linguagem não verbal, perceber o clima e reagir em busca de soluções. Quando os colaboradores estão distantes e precisam compreender as tarefas e como executá-las, o processo é dificultado. Sem o direcionamento claro dos líderes, ferramentas de gestão da informação, o respeito ao novo ritmo do home office e o suporte de colegas (que também estão passando pela mesma situação) o problema escalona ao ponto de provocar rupturas.
Equipe de alta performance e a segurança psicológica no trabalho
A segurança psicológica no trabalho consiste em se sentir pertencente ao grupo, respeitado em sua individualidade, incentivado a expressar questionamentos e dificuldades, sem se esconder atrás de máscaras sociais e expectativas projetadas.
Com essa segurança, fica mais simples se colocar nas situações quando elas acontecem e buscar conversas essenciais, para o bem-estar e o sucesso. Ela cria um canal de comunicação entre os pares e as diversas áreas de uma empresa. Assim, há espaço para descompressão e vulnerabilidade, bem como, a possibilidade de construção em equipe de alta performance.
Dessa forma, pensar em conjunto a melhor forma de executar atividades torna-se mais simples. Todos se sentem mais ouvidos, portanto, dispostos a entender as dificuldades dos outros, propondo soluções coletivas e que funcionem de fato. É claro que os modelos remoto e híbrido, também, tendem a funcionar muito melhor quando há segurança psicológica no trabalho, pois há aproximação da gestão dos colaboradores, promovendo a percepção para os ruídos e estresses.
Equipes precisam estar seguras para tratar de assuntos fundamentais desde os que permeiam o trabalho, como, por exemplo, uma dificuldade de compreensão de atividades, metas, um mal-estar com outro colaborador, ou ainda, questões pessoais como rotina doméstica, qualidade da internet, saúde dos familiares. Quando esses desafios não são incorporados com franqueza, podem levar à baixa produtividade, dificuldade de engajamento e, até mesmo, a um pedido de demissão.
Outros motivos que tornam a segurança psicológica no trabalho essencial:
- Quando há segurança psicológica, as ideias são bem-vindas e o medo de errar diminui. Inovações importantes são criadas e construídas a partir de diversos pontos de vista;
- A inovação e as melhorias de produtos e serviços muitas vezes são aprendidas com os erros. Ter segurança psicológica abre as portas para a visão positiva sobre o erro, ou seja, sobre ver o erro como um aprendizado, tirando o foco do errar em si e voltando-se ao processo;
- É preciso que o colaborador se sinta livre para apontar situações em que foi mal interpretado, ou em que o seu trabalho não está sendo tratado da maneira correta, como quando não possui ferramentas necessárias para executá-lo;
- A cultura de feedback é essencial para que todos possam entender mais sobre como estão se dando suas atuações e no que é necessário melhorar;
- Conflitos sempre existirão, mas é importante que eles sejam produtivos. O que quer dizer que eles são embasados em perspectivas e ideias divergentes e não em ataques pessoais. Com a conversa é possível que todos os lados de um conflito sintam-se contemplados, portanto, dispostos a agir em prol da solução mais justa e viável.
Qualidades de um líder para impulsionar a segurança psicológica no trabalho
Locais de trabalho que promovem a segurança psicológica tem líderes sinceros, comprometidos com valores e ética, demonstram bondade genuína e compaixão.
Ser um líder que demonstra compaixão e empatia fortalece a lealdade e confiança do colaborador. Ele trabalha em parceria com o seu gestor e não para o seu gestor. Ou seja, a visão de patrão / chefe e empregado é substituída para a de mentor e mentorado.
Algumas dicas para melhorar a segurança psicológica no trabalho, segundo a pesquisa apresentada no TEDX TALK da professora da universidade de Harvard Amy Edmondson:
- Ser capaz de admitir a incerteza e a importância da interdependência, valorizando todos como parte integrante da solução
- Agir em prol de reconhecer a própria possibilidade de falhar, tanto para líderes, como para subordinados
- Deixar a curiosidade agir, fazendo muitas perguntas
Além disso, outras características fundamentais para um líder são:
1. Saber esperar o momento certo para realizar um feedback
Erros acontecem e um líder não deve responder quando está sob fortes emoções. É preciso se distanciar da emoção, respirar fundo e tentar entender o que levou o colaborador a errar. O feedback só deve acontecer quando o líder estiver num momento sereno e queira, realmente, entender o que causou o desencontro entre a expectativa e a execução.
2. Colocar-se no lugar do colaborador
A empatia é a chave para não se frustrar. Muitas vezes, é quando não entendemos o outro que nos zangamos ou nos frustramos. É preciso ter a capacidade de compreender outras perspectivas. Muitos líderes enquanto escalam para essas posições esquecem de quando eram colaboradores, ou então, pensam que se passaram por dificuldades os seus subordinados também devem aguentar. Não deve ser assim, o mercado de trabalho mudou muito nos últimos anos e ter empatia é fundamental para reter talentos.
3. Saber entender e passar para a próxima
Aqui poderíamos falar algo em relação ao perdão. Não é exatamente isso, pois o perdão é pessoal e aqui estamos falando de relações profissionais. Porém, é preciso saber reconhecer que o colaborador tem suas falhas e dar o voto de confiança para que ele possa continuar se desenvolvendo e contribuindo para a empresa.
Quando há confiança, lealdade e criatividade, geralmente há menos estresse, o que torna as pessoas mais produtivas.
Criar oportunidades para conversas essenciais, sem julgamento, tratadas com respeito e ética, no ambiente corporativo, tem sido um caminho para elevar a qualidade das relações, o engajamento aos desafios do negócio e a criação de redes de apoio independentes de líderes de áreas e hierarquia. Essa estratégia é uma forma de ir além da necessidade e sobreviver a um cenário tão incerto. Conversas essenciais ajudam a transformação consciente, a apropriação dos aprendizados e geram o empoderamento individual e coletivo para seguir em frente.
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